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  • 23.2.05
    Que amor não me engana
    Com a sua brandura
    Se de antiga chama
    Mal vive a amargura

    Duma mancha negra
    Duma pedra fria
    Que amor não se entrega
    Na noite vazia

    E as vozes em barcam
    Num silêncio aflito
    Quanto mais se a partam
    Mais se ouve o seu grito

    Muito à flor das águas
    Noite marinheira
    Vem devagarinho
    Para a minha beira

    Em novas coutadas
    Junto de uma hera
    Nascem flores vermelhas
    Pela Primavera

    Assim tu souberas
    Irmã cotovia
    Dizer-me se esperas
    O nascer do dia

    (José Afonso, 2.8.1929 - 23.2.1987)

    Foi a sua música, que tingiu a minha descoberta de Portugal, no início dos anos '80. Com melancolia, esperança, ternura e com mistério. Hoje, este país é - para mim - muito mais prosáico. Não será só porque vivo nele.

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