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  • 24.2.05

    Paredes caiádas, cuja irregularidade é realçada pelo sol. O chão tão nu como as paredes, apesar dos dois tapetes. Um banco talhado na parede, com o que parece ser a cama. No primeiro plano, a roda de fiar. A roda que hoje figura na bandeira da Índia, que lembra a roda de Buda, e que encarna o trabalho artesanal, em benefício próprio, contra a exploração indústrial dos opressores coloniais.
    A fotografia transporta toda a simbologia da luta deste homem magro e tão nu como o quarto, que lê jornais. Não os lê como distracção: lê atento, como um estudante.
    Mas a beleza vem de além da simbologia política, vem da harmonia, da noção de plenitude do fotografado. Apesar da simplicidade e aparente pobreza, não falta nada. Porque o pouco que lá está, tem a marca do homem, do seu trabalho, da sua dedicação e do seu amor.
    Não falo - neste caso - do homem, que lê o jornal, falo do Homem, que caiou as paredes, que teceu os tapetes, que construiu a roda. E que fez a fotografia.

    (Agradeço a lembrança e a fotografia ao Universos desfeitos!)

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