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  • 18.1.05
    Requiem por Mim

    Aproxima-se o fim,
    E tenho de acabar assim,
    Em vez de natureza consumada,
    Ruína humana.
    Inválido do corpo
    E tolhido da alma.
    Morto em todos os órgãos e sentidos.
    Longo foi o caminho e desmedidos
    Os sonhos que nele tive.
    Mas ninguém vive
    Contra as leis do destino.
    E o destino não quis
    Que eu me cumprisse como porfiei,
    E caísse de pé, num desafio.
    Rio feliz a ir de encontro ao mar
    Desaguar,
    E, em largo oceano, eternizar
    O seu esplendor torrencial de rio.

    (Coimbra, 10 de Dezembro 1993)


    Encontrei este, o último poema de Miguel Torga no (In)firmus.

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