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31.1.05
Por causa do artigo de Luis Salgado de Matos no Público de hoje. Este começa assim: É consolador ouvir o chanceler alemão afirmar a 25 de Janeiro que a Alemanha "tem uma responsabilidade particular" na Shoa; embora não seja bem clara a origem dessa responsabilidade, pois julga que "a esmagadora maioria dos alemães que hoje vivem não tem culpa no Holocausto". Embora que me custe, depreendo disto que o Luis Salgado de Matos não consegue conceber responsabilidade sem recurso a culpa. E também, como considera bem a assunção da responsabilidade dos alemães, que me considera a mim, alemão nascido em 1960, culpado. Devido a minha idade, essa minha culpa não pode - evidentemente - decorrer dos meus actos ou omissões, e por isso, tem de decorrer de outra coisa qualquer. O que só pode ser a minha condição de alemão. A minha culpa é hereditária. Uma questão de sangue. Bem vindo ao racismo. Há uma outra frase muito perturbadora neste artigo: "Mais de metade dos alemães estão fartos de ouvir as "lamúrias" sobre o genocídio." Se isso for verdade, seria mesmo muito preocupante. Gostava de conhecer o inquérito, em que os alemães fizeram essa afirmação. E nestes termos. De qualquer maneira, exigir a um alemão nascido depois de 1945, que assume uma culpa pelo holocausto, contribuirá de certeza para que a referida postura se generalize. Não há esperança de que aprendermos com este passado, se não conseguirmos distinguir entre responsabilidade e culpa. O que qualquer adulto, que uma vez na sua vida profissional assumiu responsabilidades colectivas, devia ter aprendido. O que qualquer adulto devia ter aprendido. |
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