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  • 30.12.04
    O azarado

    Há uma história dum homem, que era perseguido pela má-sorte. Quer que seja o empreendimento que tentava, este estava condenado à partida. Nunca as coisas acabaram bem para ele. Não era que não tentava, mas não lhe era dado ver os acontecimentos tomar um rumo favorável para ele; sempre um imprevisto, um inesperado e inevitável azar acabava de lhe negar o sucesso. Ao longo dos anos, essa experiência moldou-o, e no fim, o insucesso deixou de ser uma coisa que lhe acontecia e passou a ser uma parte inerente da sua identidade. Ele era um azarado, o que era óbvio para todos, e para ele antes de todos os outros.

    Um dia, porém, ganhou o grande prémio da lotaria!
    Não podia acreditar. Por muito tempo atrasou o momento de levantar o prémio. No dia em que finalmete o fez, foi à pé ao banco e levantou o chéque. E no caminho para casa, perdeu a carteira.

    Era a solução melhor para ele: Antes perder a fortuna do que revogar a ideia que tinha de si próprio.
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    Esta história nao é minha. Li a há muitos anos num livro de Max Frisch. Tenho a certeza disso, embora que nunca mais a encontrei, apesar de repetidas tentativas.

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