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8.12.04
Este post tinha como intenção original anunciar a nova edição da Terra da Alegria. Muito oportunamente, têm um artigo sobra a Conceição Imaculada. Um post aqui, de duas linhas, sobre este tema, gerou mais do que sessenta comentários - recorde para esta modesta casa - e parece me adequado transcrever aqui os últimos, da Sara. Dão que pensar tanto em relação aos dogmas da igreja, como em relação ao meu gosto pela pornografia (vide os meus playmates). Pouco inibido, felizmente, pelos dogmas da igreja, acho este meu gosto inocente. Mas lendo os posts da Sara, pergunto-me se a inocência se mantém independentemente de qualquer contexto. Eu fui criança antes do 25 de Abril. Frequentava a catequese e cresci a ouvir dizer que a mulher era a tentação e a fonte de todas as desgraças. Que só por ser como era, ela levava o homem à perdição. Parecia-me isto, à criança sensível que eu era, uma enorme injustiça. Pois se era o homem a desejá-la não seria ele o culpado de sensualidade? Pois não era. Era ela que era culpada por ser desejável. A mulher era culpada de tudo. De ser desejável, de falar muito alto, de não ser modesta, recatada, de ser abandonada, eventualmente até de ser violada e morta. Como modelo de pureza havia a Nossa Senhora, uma figura esquisita, que ninguém queria nem podia imitar. Ela era a única sem pecado. Não sei porque estranham o JCN. Ele é católico e como católico aceita os dogmas. Ou então não seria católico, seria outra coisa qualquer. Não sei a idade das pessoas que comentam este blog, sei a idade do Lutz, que é a minha. Mas o Lutz é alemão e é homem. O que o fascismo fez às pessoas, nomeadamente às mulheres e raparigas, sobretudo a nível íntimo, às vezes é difícil de perceber. Mesmo para as próprias. A trilogia Deus, Pátria Família era imbatível. Foi imbatível. Às vezes só se percebe, quando por exemplo reajo mal a certos posts que eu considero de mau gosto (como aqui há tempos a um post do Lutz) ou a certas piadas machistas que não consigo tolerar. Ou por exemplo agora, quando num tom dispilicente alguns homens perguntam pelo prazer feminino, onde é que ele anda. Olhem: vai andando. Certamente não tão bem como o masculino que sempre me pareceu andar muito bem, graças a Deus (literalmente). Bem Lhe podem dar graças. (Sara Monteiro) |
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