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19.11.04
(act.)
Vá lá, José, a tua "deficiência", podia ter te calhado pior. Na poesia, como nas artes, pode distinguir-se entre mensageiros e artesãos. Os mensageiros são os que, antes de tudo, têm algo a comunicar e se servem da poesia, da arte, como meio, e creio eu, muitas vezes responderiam, se lhes fizessemos a pergunta, que usam o meio à falta de melhor. Os artesãos por sua vez estão em primeiro lugar interessados no seu ofício, em fazer bem-feito, fazer arte. Os poetas referidos pertencem todos à categoria dos mensageiros, que para além disso, dominam o seu ofício num elevadissimo grau. Serem mensageiros não implica que tenham desinteresse no ou falta de savoir-faire. O savoir-faire de Rilke, por exemplo é, até hoje, inultrapassado. Mas a sua arte está ao serviço do que realmente importa. É verdade que, nestes casos, a arte não está dissociável da mensagem, que as coisas se fundem num só, mesmo assim digo, a diferença está na urgência de comunicar algo que já existiu antes da arte. Talvez a tua "incompreensão" tem essa razão: uma noção de futilidade na poesia artesanal. Não tenho nada contra artesãos, apesar de, para dizer a verdade, na poesia só me interessam os mensageiros. Talvez porque a poesia não é o meu ofício. Já na arquitectura é diferente: como é o meu metier, o savoir-faire dos colegas interessa-me muito. Diz um arquitecto que se sabe, na maioria dos casos, artesão. Etiquetas: sel |
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