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  • 17.10.04
    O quê nos salva, se o iluminismo não nos salvará?

    No Abrupto um leitor relata uma conversa com uma americana sobre as razões porque votará em Bush:
    "No mês passado fui a Lisboa e a senhora do check-inn aqui no aeroporto perguntou-me se os europeus odiavam os Americanos. Eu disse-lhe que não, mas que uma grande parte dos europeus odiavam o Bush por ele ser tão violento, tão arrogante e tão ganancioso, e perguntei-lhe se ela não preferia os tempos do Clinton, quando havia menos crimes, os salários subiam mais depressa que a inflação, a segurança no trabalho era uma prioridade, era ilegal mandar mercúrio para os rios, etc. Ela desatou aos berros, a dizer que o Bush era “a good man,” e eu insisti: “Mas o seu poder de compra desceu, não desceu? Deixe-me adivinhar: o seu cheque da redução dos impostos deve ter sido para aí 200 dólares e a subida do seu seguro de saúde deve andar na ordem dos 1.000, não é?” Era. “E os seus netos? Ainda têm programas à borla a seguir à escola? Não?! Agora você tem de pagar, não é?” Ela interrompeu-me aos berros “Isso não interessa nada! Eu estou mais pobre e está tudo mais caro, sim senhor, mas isso é por causa da Economia! O que interessa é que os homossexuais se querem casar e anda para aí tudo a fazer abortos!"

    "Resposta à Pergunta: O que é Iluminismo?
    Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade, em que se encontrou por culpa própria. Menoridade é a incapacidade de usar a sua razão sem orientação por outrem. Por culpa própria é essa menoridade, quando a sua origem não está na falta de razão, mas de decisão e de coragem, para fazer uso dela sem orientação de outrem. Sapere aude! Tem coragem para usar a tua própria razão! é então o lema do Iluminismo.
    Preguiça e cobardia são as origens, porque uma parte tão grande dos homens, depois de já estar libertos, pela natureza, de direcção alheia (naturaliter maiorennes), durante toda a vida, porém, continuam alegremente como menores; e as orígens porquê é tão fácil para outros de arrogar-se como os seus tutores. É tão confortável ser-se menor. Tenho um livro, que tem juízo para mim, um padre, que tem consciência para mim, um médico, que avalia a minha dieta, etc., então eu próprio não preciso de esforçar-me. Não tenho a necessidade de pensar, desde que sou capaz de pagar; outros já assumirão essa tarefa desagradável para mim. Que a grande maioria dos homens (entre eles todo o belo sexo) julgam o passo para a maioridade, para além de ser penoso, também de ser perigoso, - de garantir isso já tratam os tutores, que bondosamente assumiram o fardo da sua supervisão.[...]"
    (Immanuel Kant)

    Sempre tinha fé, que a educação para todos tornaria o mundo mais racional e, em consequência, mais humana.
    Não se diz que fé é a manutenção de convicções contra as evidências...

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