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  • 5.6.04
    An die Nachgeborenen

    1

    Wirklich, ich lebe in finsteren Zeiten!
    Das arglose Wort ist töricht. Eine glatte Stirn
    Deutet auf Unempfindlichkeit hin. Der Lachende
    Hat die furchtbare Nachricht
    Nur noch nicht empfangen.

    Was sind das für Zeiten, wo
    Ein Gespräch über Bäume fast ein Verbrechen ist.
    Weil es ein Schweigen über so viele Untaten einschließt!
    Der dort ruhig über die Straße geht
    Ist wohl nicht mehr erreichbar für seine Freunde
    Die in Not sind?

    Es ist wahr: ich verdiene noch meinen Unterhalt
    Aber glaubt mir: das ist nur ein Zufall. Nichts
    Von dem, was ich tue, berechtigt mich dazu, mich sattzuessen.
    Zufällig bin ich verschont. (Wenn mein Glück aussetzt, bin ich verloren.)

    Man sagt mir: iß und trink du! Sei froh, daß du hast!
    Aber wie kann ich essen und trinken, wenn
    Ich dem Hungernden entreiße, was ich esse, und
    Mein Glas Wasser einem Verdurstenden fehlt?
    Und doch esse und trinke ich.

    Ich wäre gerne auch weise.
    In den alten Büchern steht, was weise ist:
    Sich aus dem Streit der Welt halten und die kurze Zeit
    Ohne Furcht verbringen.

    Auch ohne Gewalt auskommen
    Böses mit Gutem vergelten
    Seine Wünsche nicht erfüllen, sondern vergessen
    Gilt für weise.
    Alles das kann ich nicht:
    Wirklich, ich lebe in finsteren Zeiten!

    2

    In die Städte kam ich zur Zeit der Unordnung
    Als da Hunger herrschte.
    Unter die Menschen kam ich zu der Zeit des Aufruhrs
    Und ich empörte mich mit ihnen.
    So verging meine Zeit
    Die auf Erden mir gegeben war.

    Mein Essen aß ich zwischen den Schlachten
    Schlafen legte ich mich unter die Mörder
    Der Liebe pflegte ich achtlos
    Und die Natur sah ich ohne Geduld.
    So verging meine Zeit
    Die auf Erden mir gegeben war.

    Die Straßen führten in den Sumpf zu meiner Zeit.
    Die Sprache verriet mich dem Schlächter.
    Ich vermochte nur wenig. Aber die Herrschenden
    Saßen ohne mich sicherer, das hoffte ich.
    So verging meine Zeit
    Die auf Erden mir gegeben war.

    Die Kräfte waren gering. Das Ziel
    Lag in großer Ferne
    Es war deutlich sichtbar, wenn auch für mich
    Kaum zu erreichen.
    So verging meine Zeit
    Die auf Erden mir gegeben war.

    3

    Ihr, die ihr auftauchen werdet aus der Flut
    In der wir untergegangen sind
    Gedenkt
    Wenn ihr von unseren Schwächen sprecht
    Auch der finsteren Zeit
    Der ihr entronnen seid.

    Gingen wir doch, öfter als die Schuhe die Länder wechselnd
    Durch die Kriege der Klassen, verzweifelt
    Wenn da nur Unrecht war und keine Empörung.

    Dabei wissen wir doch:
    Auch der Haß gegen die Niedrigkeit
    verzerrt die Züge.
    Auch der Zorn über das Unrecht
    Macht die Stimme heiser. Ach, wir
    Die wir den Boden bereiten wollten für Freundlichkeit
    Konnten selber nicht freundlich sein.

    Ihr aber, wenn es so weit sein wird
    Daß der Mensch dem Menschen ein Helfer ist
    Gedenkt unserer
    Mit Nachsicht.

    (Bertolt Brecht)
    _________________

    Aos que vierem depois de nós

    1

    Realmente, vivo em tempos sombrios!
    A palavra inocente é tola. Uma testa sem rugas
    Denota insensibilidade. Aquele que ri
    Só ainda não recebeu
    A terrível notícia.

    Que tempos são estes, em que
    Falar de árvores quase é um crime,
    Porque implica silêncio sobre tantos horrores!
    Aquele que ali cruza tranquilamente a rua
    Já não está contactável pelos amigos
    Que estão em apuros?

    É verdade: ganho o meu pão ainda,
    Mas acreditem: é puro acaso. Nada
    Do que faço justifica que eu possa comer até fartar-me.
    Por acaso estou poupado. (Se a sorte me abandonar estou perdido).

    Dizem-me: "Tu come, bebe! Alegra-te, que tens!"
    Mas como posso comer e beber, se
    Ao faminto arranco o que como, e se
    O copo de água falta ao sedento?
    Mas apesar disso como e bebo.

    Também gostaria de ser sábio.
    Nos livros antigos diz como é ser sábio:
    É manter-se afastado das lutas do mundo e passar o breve tempo
    Sem medo.

    Também dispensar da violência,
    Retribuir o mal com o bem,
    Não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
    Consta que é sábio.
    Tudo disso não sou capaz.
    Realmente, vivo em tempos sombrios.

    2

    Às cidades cheguei em tempos de desordem,
    Quando reinava a fome.
    Misturei-me aos homens em tempos de revolta
    E indignei-me com eles.
    Assim passou o tempo
    Que me foi concedido na terra.

    Comi o meu pão entre às batalhas.
    Deitei-me para dormir entre os assassinos.
    Do amor me encarreguei sem cuidado
    E a natureza vi sem paciência.
    Assim passou o tempo
    Que me foi concedido na terra.

    No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.
    A palavra traiu-me ante o carrasco.
    Era muito pouco o que eu podia.
    Mas os governantes
    Se sentavam, sem mim, mais seguros, — esperava eu.
    Assim passou o tempo
    Que me foi concedido na terra.

    As forças eram escassas.
    E o objectivo
    Encontrava-se muito distante.
    Via-se claramente,
    Ainda que mal atingível, para mim.
    Assim passou o tempo
    Que me foi concedido na terra.

    3

    Vocês, que surgirão da maré
    Em que perecemos,
    Lembrar-se-ão também,
    Quando falam das nossas fraquezas,
    Dos tempos sombrios
    De que puderam escapar.

    Pois íamos, mudando mais frequentemente de país do que de sapatos,
    Através das lutas de classes, desesperados,
    Quando havia só injustiça e nenhuma revolta.

    E, contudo, sabemos:
    Também o ódio contra a baixeza
    Distorce a cara.
    Também a raiva sobre a injustiça
    Torna a voz rouca. Ai nós,
    Que quisemos preparar o terreno para a bondade
    Não pudemos ser bons.

    Vocês, porém, quando chegar o momento
    Em que o homem seja do homem um amigo,
    Lembram-se de nós
    Com indulgência.

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