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15.5.04
Há dias postei um episódio com Brecht sobre a omissão na arte, mais precisamente sobre a necessidade da aprendizagem e do domínio daquilo que se omite. Segundo o Timshel Hemingway defendia uma teoria semelhante. Há quem se sente atraido pela aparência algo anti-racional desta teoria, que parece sustentar o caracter sobrenatural da arte e a sua mistificação. Mas a mim esse seu eventual charme não me satisfaz. Acontece, no entanto, que a teoria coincide com a minha modesta experiência profissional de projectista. A omissão ocupa em todo o processo de criação de projecto uma grande parte do meu trabalho. Depois de uma primeira fase de recolha (mais ou menos sistemática) de informação sobre a tarefa e de uma fase de gestação de uma ideia (num processo semi-consciente), escolho entre as ideias que se sugerem aquela que parece responder ao problema da forma mais simples. Mas no processo da sua concretização, no qual ela é confrontada, em pormenor, com todas as condicionantes e objectoivos, a ideia inicialmente simples ganha rapidamente uma grande complexidade e ameaça perder a sua clareza inicial. Começa agora a luta árdua para voltar a simplicidade inicial, sem descurar os problemas a resolver. Se ganho essa luta, o desatento pode não ver, à primeira, a diferença entre a simplicidade inicial e a simplicidade posterior. Mas irá sentí-la. A diferença é que a meia dúzia de aspectos, temas e motivos, que constituam a obra, foram escolhidos não entre algumas mas entre milhares de outras possiveis constelações. O actor (no episódio) irá escolher, depois de ter aprendido os sete, três acordes para tocar a musica de forma adequadamente imperfeito, mas os três serão possivelmente outros do que os três que só dominava inicialmente. Etiquetas: sel |
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