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  • 11.5.04
    Prometheus

    Bedecke deinen Himmel, Zeus,
    Mit Wolkendunst,
    Und übe, dem Knaben gleich,
    Der Disteln köpft,
    An Eichen dich und Bergeshöhn;
    Mußt mir meine Erde
    Doch lassen stehn
    Und meine Hütte, die du nicht gebaut,
    Und meinen Herd,
    Um dessen Glut
    Du mich beneidest.

    Ich kenne nichts Ärmeres
    Unter der Sonn als euch, Götter!
    Ihr nähret kümmerlich
    Von Opfersteuern
    Und Gebetshauch
    Eure Majestät
    Und darbtet, wären
    Nicht Kinder und Bettler
    Hoffnungsvolle Toren.

    Da ich ein Kind war,
    Nicht wußte, wo aus noch ein,
    Kehrt ich mein verirrtes Auge
    Zur Sonne, als wenn drüber wär
    Ein Ohr, zu hören meine Klage,
    Ein Herz wie meins,
    Sich des Bedrängten zu erbarmen.

    Wer half mir
    Wider der Titanen Übermut?
    Wer rettete vom Tode mich,
    Von Sklaverei?
    Hast du nicht alles selbst vollendet,
    Heilig glühend Herz?
    Und glühtest jung und gut,
    Betrogen, Rettungsdank
    Dem Schlafenden da droben?

    Ich dich ehren? Wofür?
    Hast du die Schmerzen gelindert
    Je des Beladenen?
    Hast du die Tränen gestillet
    Je des Geängsteten?
    Hat nicht mich zum Manne geschmiedet
    Die allmächtige Zeit
    Und das ewige Schicksal,
    Meine Herrn und deine?

    Wähntest du etwa,
    Ich sollte das Leben hassen,
    In Wüsten fliehen,
    Weil nicht
    alle Blütenträume reiften?

    Hier sitz ich, forme Menschen
    Nach meinem Bilde,
    Ein Geschlecht, das mir gleich sei,
    Zu leiden, zu weinen,
    Zu genießen und zu freuen sich,
    Und dein nicht zu achten,
    Wie ich!

    (Johann Wolfgang von Goethe)
    _______________

    Prometheus

    Encobre o teu céu, Zeus,
    Com vapores de nuvens,
    E, qual menino que decepa
    A flor dos cardos,
    Exercita-se em carvalhos e cristas de montes;
    Mas a minha Terra
    Hás-de me deixar,
    E a minha cabana, que não construíste
    E o meu lar,
    cujo braseiro
    Me invejas.

    Nada mais pobre conheço
    Sob o sol do que vòs, o Deuses!
    Pobremente nutris
    De tributos de sacrifícios
    E hálitos de preces
    A vossa majestade,
    E morrerías de fome, se não fossem
    Crianças e mendigos
    Loucos cheios de esperança.

    Quando era menino não sabia
    Para onde havia de virar-me,
    Voltava os olhos desgarrados
    Para o Sol, como se lá houvesse
    Ouvido para o meu queixume,
    Coração como o meu
    Que se compadecesse de minha angústia.

    Quem me ajudou
    Contra a insolência dos Titãs?
    Quem me livrou da morte
    Da escravidão?
    Pois não foste tu que tudo acabaste,
    Meu coração em fogo sagrado?
    E jovem e bom, enganado
    Ardias ao Deus que lá no céu dormia
    Tuas graças de salvação?

    Eu venerar-te? Por quê?
    Aliviaste tu jamais as dores
    do oprimido?
    Enxugaste jamais as lágrimas
    do angustiado?
    Pois não me forjaram Homem
    O tempo todo-poderoso
    E o Destino eterno,
    Meus senhores e teus?

    Pensavas tu talvez
    que eu havia de odiar a vida
    E fugir para os desertos,
    Lá porque nem todos
    Os sonhos em flor frutificaram?

    Pois aqui estou! Formando homens
    À minha imagem,
    Uma estirpe que a mim se assemelhe
    Para sofrer, para chorar,
    Para gozar e se alegrar,
    E para não te respeitar,
    Como eu!

    (baseado na tradução de Carlos Bechtinger)

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