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11.4.04
Não tendo tempo para ler tudo o que interessa, tenho que ser selectivo com as minhas leituras. Mas depois de semanalmente a ver referida abundantemente nos blogues - como desta vez no Blasfémias - , decidi ler, desta vez, a coluna de Helena Matos. O artigo começa com uma análise que, embora não sendo original, tem bastantes indícios ao seu favor. A desmotivação, a efeminação (peço desculpa pelo termo que seguramente e com razão desagradaria a Helena Matos, mas é assim como o meu dicionário traduz "Verweichlichung") dos Europeus, depois de terem perdidos os seus impérios, e visto fracassar os seus grandes projectos ideológicos (fascismo e comunismo). Basta olhar a nossa volta para ver confirmada a análise de que muitos de nós se renderam a um desepero suave; instalados numa vida afinal de tudo (e ainda) bastante confortável, podemos permitir-nos não ter sonhos ou a energia de concretizá-los. E, já vivendo das nossas reservas, assumir um moralismo abstracto, ignorando displicentemente a nossa condição de parasita do sistema da qual - ainda - somos os beneficiados. Não gosto desta análise, mas compreendo que se possa fazé-la. Não é nova a ideia que nós, os Europeus, estámos na fase terminal da nossa civilização, da nossa cultura: demasiado ricos, preguiçosos, lúcidos mas impotentes, assistimos ao nosso declínio. Não era assim o fim do império romano? Do bicantino? (Uma coisa semelhante escreveu Oswald Spengler já nos anos 20 do século passado...) Estava preparado, depois do primeiro capítulo, de ouvir algumas ideias interessantes e eventualmente originais da "Kulturkritik". Mas o que veio a seguir, foi uma desilusão: Um misto de ideias avulsas e exemplos estapafúrdias (argumentos de defesa dum qualquer assasino que cometeu um crime passional, para ilustrar o declínio do sentido de responsabilidade dos Europeus!), o falhanço do projecto turísitico cultural do Vale de Foz Coa, a negação dos erros da descolonização portuguesa, a teologia da libertação (europeia?!), o perigo de deixar guerras (desculpa: intervenções militares) ao meio... É pena. Há aqui um tema sério: Como funciona a motivação colectiva para projectos de povos, da humanidade, tendo conhecimento dos resultados desastrosas que eles têm tido - na melhor das hipóteses - para os que não foram os seus autores (p.Ex. o imperialismo) e muitas vezes também para eles (fascismo, comunismo)? Que tenha levantada uma questão tão pertinente, para tentar convencer nos de que a resolvermos se acreditamos, sem hesitações, no projecto fresco, jóvem, vigoroso e prometedor da visionária administração americana. P.S.: Apesar de reconhecer que existe letargia entre os Europeus, não partilho com Helena Matos - obviamente - a difamação de todos os movimentos para um mundo melhor, que se exprimem por exemplo no Forum Social Mundial, como movimentos do Não. |
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