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  • 2.3.04
    Uma nota de rodapé engraçada...

    ...de Kant:
    "Em todas as épocas, e sem conceder alguma atenção às disposições para o bem na natureza humana, sábios (ou filósofos) presunçosos se têm esforçado em parábolas repugnantes, em parte nojentes, para apresentar o nosso mundo terreo, a existência do homem, como muito desprezível.
    1) Como tasca (caravansarai), como a entendeu aquele dervis; onde qualquer hóspede, que aqui faz escala na sua viágem da vida, deve estar preparado para ser rapidamente desalojado pelo seguinte.
    2) Como penitenciâria; o que é a opinião para qual se inclinam os brâmanes, os tibetanos e outros sábios do oriente (e até Platão): um lugar de castigo e purificação de almas caidas, expulsas do ceu, agora almas humanas ou de animais.
    3) Como manicómio: onde não só cada um por si estraga os seus planos, mas também um ao outro inflige todo o sofrimento de coração, e ainda entende a habilidade e o poder de o fazer como a maior honra. E finalmente
    4) Como esgoto, para onde é transferido toda a imundice de outros mundos. Esta última ideia e de certo modo original, e devido a um engraçado persa, que colocou o paraíso, o lugar de residência do primeiro casal de homens, no ceu, em cujo jardim cresceram arvores bastantes, dotadas com frutos maravilhosos em abundância, cuja sobra, após a sua ingestão, se perdia em evaporações imperceptíveis; excepto uma única árvore no meio do jardim, que carregou uma fruta embora atraente, mas de tal característica, que ela não saia por transpiração. Como os nossos pais, apesar da proibição, acabaram de provar dela: Assim não houve, para que eles não sujassem o céu, outro remédio, a não ser que um anjo lhes mostrou a terra longinqua, com as palavras: "Isto é a retrete de todo o universo", os para lá conduziu, para que eles se aliviarem, e voltou, deixando eles mesmos para trás, para o ceu. Daí originou a espécie humana na terra."

    (Em Immanuel Kant: O fim de todas as coisas)

    (Bem, o alemão de Kant traduzido por mim em português, é mesmo um monstro... Mas a culpa é de Kant!)

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