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  • 7.3.04
    A Privatização da Paixão

    Frei Bento Domingos chama hoje no Público (infelizmente omisso na versão online) atenção a um aspecto que tambem a mim me parece pertinente. Que a énfase, que o filme de Mel Gibson dá ao sofrimento de Cristo, oculta o sofrimento de incontáveis outros...

    Assumindo aqui, em virtude do argumento, provisóriamente pressupostos teológicos que não são meus:
    Não-me parece que o essencial foi o que Cristo nos deu - o seu sem dúvida enorme sacrifício - mas o que nos tirou: a nossa incomparavelmente maior culpa. O seu sacrifício, este já fizeram involuntáriamente milhões, e voluntáriamente milhares.
    Se Cristo é único, não é pelo Seu sofrimento.
    Se não é único, como eu acredito, então este sofrimento merece todo o reálce, mas como exemplo do sofrimento de todos que se sacrificaram como ele em nome do amor. E tambem de todos que foram sacrificados em nome de o quer que seja...

    Foi o Homem, que O crucificou.
    Mas também foi o Homem, quem crucificaram.

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