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  • 26.3.04
    Para a psicologia da moda

    A essência da moda consiste no facto que sempre só uma parte do grupo a exerce, mas que o todo se encontra no caminho para ela. Nunca é, sempre está a evoluir. No momento em que se impôs, totalmente, i.é. no momento quando aquilo que só alguns fizeram, é exercido mesmo por todos, sem excepção, já não se fala em moda, p.ex. certos elementos do vestuário, de formas de comportamento. Do facto de que a moda em si não se pode ter espalhado na generalidade , nasce para o indivíduo a satisfacção de que ela nele sempre representa algo de especial, vistoso, enquanto ao mesmo tempo continua sustentado pela comunidade geral que ambiciona a igualdade - não como nas outras satisfacções sociais da comunidade geral. Por isso é a mentalidade, com a qual o adepto da moda se confronta, uma mistura agradável de aceitação e inveja.
    A moda é o espaço por excelência para indivíduos aos quais falta autonomia interior e substancial e que necessitam de orientação, mas cuja auto-estima também necessita apesar disso alguma distinção, atenção e destaque. A moda eleva até e também o insignificante porque constitui o como representante da totalidade, e ele sente-se sustentado por um espirito da totalidade. Nos fanáticos da moda isto aparece elevado a uma patamar, em que volta a assumir a aparência do individualista, do especial. O maniaco da moda leva a tendência da moda para além da medida normalmente observada: quando sapatos bicudos são moda, os seus confluam em proas de barco, quando golas altas são moda, as suas chegam-lhe ás orelhas, quando é moda ir a missa nos domingos, ele fica lá até a noite etc. O individual que ele apresenta, consiste no exagero quantitativo de elementos que no seu grau são mesmo domínio comum das massas. Ele vai a sua frente, mas exactamente no seu caminho. Aparentemente ele marcha na vanguarda da totalidade, porque são mesmo as pontas ultimamente alcançadas do gosto público, que representa; mas na realidade vale para o heroi da moda o que vale em geral para a relação entre o indivíduo e ou seu grupo social: que no fundo, o líder é o liderado. O heroi da moda representa assim um equilíbrio mesmo original entre motivação social e individualista, e por causa deste fascínio compreendemos a mania da moda - que de fora parece tão absurda - de muitas pessoas de resto sensatas ou até importantes.

    (Georg Simmel: Schriften zur Soziologie)

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