$BlogRSDUrl$>
30.3.04
"[...] A suspeita vastamente espalhada que a guerra contra o terror seria potencialmente mais perigosa do que o próprio terrorismo parece-me completamente justificada. Porque se as consequências directas do terrorismo seriam tudo que deveriamos temer, não havia fundamento para a suposição, que as democracias ocidentais não iriam sobreviver a explosição de bombas atómicas nos seus metrópoles. Catástrofes naturais, que troucessem uma dimensão comparável de destruição e morte para as pessoas, pois também não seriam capaz de por em perigo instituções democráticas. Se por exemplo se mexessem as placas tectónicas da costa do Pacífico e causassem o derrube dos aranha-ceus, isto significava a morte certa para centenas de milhares de pessoas. Mas mal estivessem enterrado os mortos, comecar-se-ia com a reconstrução. E também as autorizações de estado de emergência estariam limitadas no tempo. Completamente diferente seria a situação no caso dum ataque terrorista. Os políticos, que empenhados em fazer tudo para evitar mais atentados, estariam tentados de superar-se uns aos outros na dureza e de tomar medidas mais abrangentes – medidas, que podiam até por termo ao estado de direito. E a raiva que se sente quando sofrimento inenarável é causado por acção humana e não pelas forças da natureza, levará a sociedade pública a aceitar estas medidas. Certo, o resultado não seria um golpe fascista. O resultado seria uma cascata de medidas, que iniciariam uma mudança nas condições sociais e políticas na vida das democracias ocidentais. Juizes e tribunais perdiam a sua independência, e comandantes militares regionais alcançariam de um dia para outro um poder, como o antes só assistia a funcionários públicos eleitos. E os média, por sua vez, viam se obrigados de suprimir protestos contra decisões do governo. [...]" (Richard Rorty num artigo em Die Zeit vom 18.03.04 - descoberto na Causa Nossa) |
|
||||
|
|||||