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29.2.04
Nunca vou perceber porque uma pessoa se lembra com orgulho e gratidão das tareias que levou dos seus pais. Se lembra assim da dor, do medo e da humilhação, da agressão a integridade física e mais ainda à integridade psícica da criança que era. Sei que ela a acha bem porque foi em nome da educação. Uma educação que, não confiando na força da razão e das motivações naturais de fazer bem, recorre à criação de reflexos condicionados. Mas o sucesso deste adestramento cria pessoas com a sua autonomia e liberdade limitadas por exactamente estes reflexos, ou seja incapacitadas de exercer plena- e desimpedidamente aquilo que é o núcleo da dignidade humana: A livre escolha dos seus actos, baseada na responsabilidade e razão. Depois a pessoa repete a mesma castração de que foi vítima nos seus filhos. É isso que o meu pai (que me deu uns estalos, as raras vezes quando se passou, mas que nunca - o que é completamente diferente - me deu tareia como castigo) chama o verdadeiro pecado original. Porque as agressões sofridas criam agressividade que procura uma saída. E o que está mais a mão como racionalização do que o "necessário" castigo do filho? |
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