<$BlogRSDUrl$>




  • 3.2.04
    Escutando a Voz

    Volto a fazer uso de um dos privilégios da blogosfera: meter-me em conversas para as quais não fui chamado.

    Lecciona o Tiago de Oliveira Cavaco em quatro posts, do alto das suas certezas:

    No primeiro assume-se como um evangélico que não se assusta com uma Bíblia com coxos a andar, pragas de gafanhotos, multiplicações de pães e tablettes de demónios, pertencendo a espécie de gente que se manteve a olhar para as Escrituras sem temer pelas ferocidades do animal. E deixa, de passagem, subentendido, quem não faz como ele, sofre da cobardia espiritual.

    No segundo explica nos que a assunção arrotada pela ignorância do costume vislumbra com um suor frio condescendente que coisa bela é tratar bem dos pobrezinhos. Está a falar da nossa ignorância, claro.

    No terceiro post acusa os que se atrevem de falar em nome dos pobres como sendo obscenos, admitindo assim esta tarefa exclusivamente aos pobres, que têm certamente autoridade de falar da sua pobreza; se eles eventualmente não têm voz, não interessa ao autor da Voz do Deserto.

    No quarto post ele até concede um elogio ao André Belo, a quem todos estes posts são dirigidos como resposta.

    E num quinto post, já não respondendo ao André, dirige-se - não, não se pode dizer que o Tiago se dirige; da sua altura, ele refere-se ao patriota romano chocado, isto é a alguns estimados bloguistas católicos [que] aproveitaram a boleia do Barnabé para se atirarem aqui ao protestante de serviço. Some things never change.

    Pois. Não sendo patriota romano, confesso-me chocado, não, espantado perante tamanha soberba, que atribui a quem deduz dos evangelhos uma missão moral, primeiro cobardia e depois ignorância.

    Há dias, atrevi-me, timidamente, de fazer um comentário:
    Referi Paulo, 1 Cor 13.
    Mas devo o ter entendido mal.
    Só a Voz do Deserto é que sabe.

    This page is powered by Blogger. Isn't yours?

    Creative Commons License