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25.2.04
Com a nova lei contra as cópias de CD's nasce mais uma lei que - obviamente - não é para cumprir. Não estou a ver milhões de pessoas amanhã atirar os seus CD's ao lixo. Logo é mais uma lei que nos transforma todos em delinquentes. Entretanto penso para mim, como em inúmeros casos anteriores: Não te angustias, Lutz, não há de ser nada, isto é Portugal. E já aprendi que as pessoas têm sentido de proporção, e não são desumanos. Por isso, não vai ser diferente do que é com as obras clandestinas em casa. É chato, que a vizinha me denunciou. Mas o que vale é que o polícia municipal, que me apareceu em casa, é uma pessoa de bom senso, como tu e eu: Também a ele parece absurdo esperar um ou mais anos para o licenciamento das obras, antes de as fazer. E assim ele se vai embora, por um montante bem suportável (e que nem vejo porque é o empreiteiro que trata de tudo), não sem ter aconselhado para fazer tão pouco barulho e pó como possível. E não sem ter avisado que convém despachar-se com a obra, porque daqui em dois meses já não é ele o responsável por essa área, é depois teriamos que entender nos com um outro colega seu... Chamar isso suborno? Não é uma palavra muito feia para uma coisa que toda a gente faz e sem ela não é possivel fazer nada? Vai ser como com os atestados médicos falsos. Meter uns meninos da escola (em Guimarães) na cadeia por isso?! Haja juizo! (E o juiz tinha - felizmente e como era de esperar....) Privar um médico do direito de exercer a sua profissão por isso?! Um pouco de sentido de proporção, por favor! Então o homem não estava só a fazer um favor? E a sério: Conheço pessoas decentissimas e com comprovado espirito de cidadania que já passaram atestados de conveniência. Deixamo-nos de fundamentalismos! Vai ser como com os concursos para um emprego no serviço público. É chato que a lei obriga a montar uma fantochada, apesar de já estar decidido quem vai ocupar a vaga: uma pessoa que se conhece desde há muito e que é de confiança. Então porquê arriscar ter que ficar com alguêm que não conhecemos? Alquem quer chamar isso fraude? Abuso de poder? - Sinceramente. Onde é que essa pessoa vive? Vivo cá há dez anos. E antes de mais, tenho de admitir que na Alemanha as coisas só são gradualmente diferentes. Mas é verdade, quando cá cheguei, não achei nada disto normal. Não achei normal ter um limite de velocidade nas auto-estradas que ninguém cumpre e que ninguém faz cumprir. Que é aconselhável deitar fora as multas de mau estacionamento. Que, a não ser uma grande empresa o parceiro de negócio, fica, na prática, ao meu critério se pago ou não a última prestação para um serviço recebido. Deixei de estar sobremaneira indignado. Indignação permanente cansa e não faz bem a saúde. Também não torna uma pessoa mais simpática... Mas cresceu em mim, com o tempo, uma convicção: Isto é assim - e apesar das queixas de toda a gente - isto é assim porque as pessoas querem que assim seja. Porque embora teoricamente podemos reconhecer como bom fosse, se viviamos todos cumprindo mesmo as regras, todos também ja temos, se não fomos completamente toscos, investido em esquemas e nos comprometido de tal maneira que já não podemos querer, no nosso caso pessoal, que se cumpre as regras todas. Portugal é, em grande e em pequeno, dirigido por pessoas, que conseguiram colocar-se em posições estratégicas para vender ou traficar formas de contornar regras e procedimentos - não raras vezes mesmo estapafurdias. E que por isso objectivamente não têm nenhum interesse no seu desaparecimento. P.S. Todos os exemplos são, obviamente, fictícios! |
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