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10.1.04
[...] Um homem fez uma experiência, agora procura a história para ela - não se pode viver com uma experiência, que fica sem história, parece, e às vezes imagino que um outro tem exactamente a história da minha experiência... [...] Uma outra vida -? Imagino: Um homem tem um acidente, por exemplo de viação, cortes na cara, não há perigo de vida, mas o perigo que perde a sua vista. Ele sabe isso. Ele fica acamado no hospital com os olhos vendados por muito tempo. Ele pode falar. Ele pode ouvir: Passaros no jardim à frente da janela aberta, às vezes aviões, depois vozes no quarto, silêncio da noite, chuva no amanhecer. Ele pode cheirar: Compota de maçã, flores, higiene. Ele pode pensar o que quer, e ele pensa... Uma manhã tiram-lhe a venda, e ele vê que vê, mas fica calado; não diz que vê, nunca e a ninguém. Imagino: A sua vida em diante, como representa o cego também entre quatro olhos, a suas relações com pessoas que não sabem que ele os vê, as suas possibilidades sociais, suas possibilidades profissionais em consequência de que nunca diz o que vê, uma vida como um jogo, a sua liberdade alimentado por um segredo etc. O seu nome seja Gantenbein. [...] (em Max Frisch: Mein Name sei Gantenbein ; english: Gantenbein) |
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