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30.12.03
O Pior do 2003
Faço um permanente esforço para livrar-me de sentimentos patrióticos, mas com resultados limitados, senão não me sentiria picado pela classificação da "coligação Chirac/Schröder" pelo Cidadão Livre como pior acontecimento do ano 2003 (ao lado das guerras no Kongo e do Iraque). Não morro própriamente de amores nem por Schröder nem por Chirac, mas choca-me ver o entendimento entre os dois visto na companhia destes acontecimentos. Entendo - até a um certo degrau - o incômodo, ou devia dizer: angústia, que muitos sentem quando vêem a França e a Alemanha entender-se bem. Embora sendo alemão, vivo em Portugal, isto é, dependo da situação económica de Portugal como qualquer português, e se um "directório" um dia marginalizará ainda mais a nossa economia, perdo com isso como os portugueses (os meus filhos e a minha mulher, por exemplo). Mas quando vejo a "amizade" entre Chirac e Schöder, vejo antes outras coisas. Não achei a postura deles na ONU, em respeito à guerra do Iraque, muito negativa (embora motivada, em ambos dos casos, por motivos muito menos nobres do que os invocados). E depois quero lembrar que esta amizade só é a reedição de "amizades" anteriores: entre Kohl e Mitterand, Schmidt e Giscard, Adenauer e De Gaulle. Essas amizades tem sido, antes de tudo, uma enorme benção para a Alemanha e para a França, e para a Europa toda. Talvez é quase impossivel perceber, sem ter vivido nestes paises, como é que mudou a relação entre estes arqui-inimigos. Esta "amizade" entre políticos, que naturalmente merece ser mencionada sempre com aspas, foi e é possivel perante milhões de mortos, que um pior entendimento entre estes paises e os seus governos costumavam ter durante séculos. Talvez é mais fácil perceber esta questão assim: Estariamos melhor se os governantes de França e de Alemanha não se entendessem? |
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