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  • 23.11.03
    "Qui parcit virge, odit filium." (3)

    Desde pequeno tenho uma aversão quase visceral aos provérbios. A razão para isso é sem dúvida a minha avó.
    Mas quando fiquei mais velho percebi o que me irritava tanto no seu uso dos provérbios:
    Não era o seu conteúdo, que pode ser muito acertado e até ter graça. O problema é que provérbios são quase sempre empregues em lugar do argumento, o que eles não são: não permitem nenhuma análise, nenhuma explicação adicional, nenhuma resposta, nenhum diálogo. Arrasam pela autoridade da sabedoria ancestral e pela sua contundência estilística, e matam qualquer raciocínio.
    Probvérbios poupam, a quem os usa, a necessidade de fundamentar, o esforço de pensar.
    Por isso, os proverbios são tão facilmente um instrumento da preguiça intelectual, da estupidez e da repressão.

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