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  • 18.11.03
    „A formulação de diversos projectos faz parte das ocupações principais do homem moderno. Seja o que for que se pretende realizar hoje em dia nas áreas económicas, políticas ou culturais, primeiro tem que se formular um correspondente projecto, para depois submeter um pedido de aprovação ou financiamento à uma ou várias entidades. Se o projecto for recusado na sua forma inicial, tenta-se modificá-lo, para conseguir a sua aceitação apesar disso. Se um projecto for chumbado definitivamente, não se tem alternativa, a não ser de submeter um projecto novo. Assim ocupam-se todos os membros da nossa sociedade permanentemente com a concepção, discussão e recusa de sempre novos projectos. Escrevem-se pareceres, calculam-se orcamentos rigorosissimas, criam-se commissões, convocam-se grémios, e tomam-se decisões. Não são poucos contemporáneos que não lêem outra coisa a não ser estes projectos, pareceres e orçamentos. A maioria destes projectos ficam para sempre sem realização. Basta que parecem à um ou outro perito pouco promissor, difícil de financiar ou de todo indesejável – e todo o trabalho de formulação de projecto é em vão.
    E o trabalho não é, de forma alguma, pouco – e o correspondente volume de trabalho até cresce cada vez mais [...]. Os documentos de projecto submetidos aos diversos grémios, commissões e autoridades são criados de forma cada vez mais atractiva e formulados cada vez mais detalhados, para impressionar positivamente os respectivos peritos. Assim, evolui a formulação de projectos para uma própria forma de arte, cuja releváncia para a nossa sociedade ainda está a ser reflecida de forma muito insuficiente.”

    em Boris Groys: Topologie der Kunst

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